Cido - Artista Poveiro

Por Albano Francisco

…ver a minúcia e a destreza com que este poveiro de gema, manuseia os materiais que o Seu Mar lhe oferece. A arte está presente nos mais pequenos e deliciosos pormenores, mostrando a apurada sensibilidade que neste artista habita. Quem assim se expressa terá forçosamente uma alma e visão de peregrino falcão, que tudo avista, analisa e transforma em pura arte. Só com a raça e a alma indomável do falcão, são possíveis tão belos atos de criação. Só com um espírito livre, logo indomável, das terrenas grilhetas que nos tolhem o pensamento e atam as mãos, é possível ir mais além e dar novas formas aos materiais com que este Bravo Mar nos corteja. 

Por Eugénio Pinto, Notícias Magazine, Jornal de Notícias (Julho 1994)

Dulcídio Marques está na vida com o entusiasmo de menino, olhos abertos para o mundo. E a sua vontade de criar, deu lugar às ondas do mar e ao cheiro a maresia que se solta dos seus trabalhos.“Nós é que somos limitados, a natureza não. Está sempre a sugerir-nos coisas novas.” E porque se diz homem de fé, “A fonte vem de lá, vai para lá. A natureza faz parte do divino”. Este é o desafio irresistível para continuar o seu trabalho. É a sua forma de estar vivo.  

Por Rui Cesariny Calafate (Julho 1982)

... ultrapassando tudo o que até hoje vi no gênero, revelando um artista consumado, dotado de uma paciência, duma técnica e duma sensibilidade extraordinárias. Creio que a Póvoa deve sentir-se orgulhosa e lisonjeada por ter, entre os seus filhos, um artista desta craveira. 

Por Manuel Lopes

… Não ouvimos sozinhos. Ocultos ou esquecidos existirão sempre sons e ritmos, vozes e silêncios que guardam, como um fogo sagrado, a música dos tempos. Como se o canto da nossa contemporaneidade tivesse a emoldurá-lo as fronteiras indeléveis dos percursos da História e da invenção renovada das Tradições. É assim que a voz, fortemente modulada, de Dulcídio Marques, neste seu “Canto à Póvoa”, não pode, senão, trazer consigo a insuspeita audibilidade dos valores musicais que, ao longo dos dois últimos séculos, foram gerando os brios poéticos e os fervores patrióticos da “comunidade poveira”. 

Por Teresa e Miguel Almada (Janeiro 2004)

…Com a sua vela de “Maria”, transmitiu-nos sentimentos tão escondidos, tão raros de ver e tão raros de sentir. (…) Mais do que o seu trabalho de paciência, engenho e arte, importa o seu empenho, o seu esforço, a recolha, o recolhimento, o conhecimento, o dom, a dedicação, a veneração, a plenitude e pureza de alma. Não devemos ser, com certeza, os primeiros a admirá-lo e a considerá-lo um “abençoado de Deus”- 

Por Manuel Lopes (Julho 1982)

Uma vez mais reconhecido pela (s) mensagem (s) de uma arte que vai buscar a sua beleza às virtualidades dos materiais simples que a Natureza prodigaliza. O resto é alma. Aí reside toda a riqueza.

Por José Azevedo (Julho 1982)

Dulcídio Marques leva-nos ao mundo irreal do sonho e da imaginação. “Inventando” mil formas de fazer arte, o artista recria-se num paraíso multifacetado de pequenas maravilhas onde o belo é o lugar comum. (…) Parafraseando o nosso Eça de Queirós, para o artífice poveiro “ a arte é tudo e o resto é nada”. Nenhum material utilizado nas suas criações tem segredos, nem foi preciso grandes trabalhos para prender o público à “sua” estética. Tudo lhe serviu como forma de arte. O resto foi entregue à sua imaginação, ao engenho e, sobretudo, paciência. Dá-nos a sensação de ser impossível criar verdadeiras obras-primas com asas de insectos, com fitas de carpinteiro, miolo de pão, percebas de Aguçadoura ou seixos da praia. Foi esse impossível que Dulcídio Marques, com as suas prodigiosas mãos, fez o “milagre” do possível.

Por Padre Alexandrino Brochado (1999)

...cria beleza em toda a parte e de todas as maneiras. As asas de um inseto tanto bastam para realizar uma obra de arte. É um talento polivalente que atinge a perfeição nas várias áreas do mundo da arte onde passeia como grande artista e grande senhor... 

Por Andrew Howard (2013)

Before the word 'designer' came into current use there was a class of gifted professionals within the world of the graphic arts referred to as maquetistas, gráficos or artistas comerciais. They were the predecessors of the contemporary university-trained graphic designers.

Dulcídio Marques was one of these professionals, part of a group of highly skilled craftsmen whose work and artistry, too often undervalued, remained almost exclusively anonymous throughout their careers. The work of Cido Marques, crafted in a world before computers, demonstrates a patience and dedication that exemplifies the spirit of manual execution, a symmetry of hand and mind. It is a spirit that is present in all facets of his extensive body of work – painting, embroidery, graphic design, applied art and even singing – each one informing, reinforcing and embellishing the other.

Cido's skill and artistry, evident in his attention to detail and thoughtful consideration, embodies qualities and values that have lost none of their significance and importance for todays designers. They are not only the benchmark of his career, they are a continuing cause for inspiration and respect for all those who hope to perfect their craft and imbue it with beauty and excellence.